Adoro festas… e tenho um comportamento peculiar em festas, pontuado por amigos muito próximos: nunca fico somente com um grupinho fechado de pessoas. Sou daquelas que vai circulando em todos os vários grupinhos, como se estivesse facilitando conversas e me inteirando de todos os assuntos da festa.
Acho que é isso que faço também em minha profissão. Trabalho com grupos e sempre me coloco na posição de facilitadora e aprendente simultaneamente.
Sou professora de inglês há quase 20 anos. Nesse tempo, conheci pessoas incríveis e, cada vez mais, vejo a minha profissão como algo que não pode ser feito somente por um indivíduo. Aulas não podem ser pensadas por apenas um profissional. É claro que devemos encontrar nossa própria forma de entregar nosso conhecimento, mas a construção de um novo conhecimento, no outro indivíduo, se dá por meio de uma relação. Foi exatamente por esse motivo que me vi dando aulas e não traduzindo textos quando terminei minha faculdade de Letras. Não queria um trabalho solitário. Queria contato com pessoas. Por esse motivo, sempre busquei colegas de trabalho que se interessassem por compartilhar.
Sofria muito em salas de professores, quando percebia que, por mil razões, mesmo que muitas delas não fizessem sentido para mim, os professores não pareciam gostar de compartilhar o que sabiam. Como se o compartilhamento os fosse fazer perder aquele conhecimento que tinham ou como se, caso o fizessem, suas aulas preciosas, preparadas há mil anos, não pudessem mais, a partir daquele momento, ser utilizadas e, assim, teriam que criar uma nova aula. E que absurdo ter que ficar criando aulas novas a todo o momento!
Bom, o que tenho a dizer é que, se há, realmente, uma relação genuína entre pessoas em um ambiente de aprendizagem, nenhuma aula será igual à outra. Outra coisa que compreendo por experiência, é que ao compreendermos que aulas são ambientes de uma relação genuína, não seria a aula em si o que nós, profissionais, teríamos que nos preocupar em preparar, mas, sim, a nós mesmos.
Como nos preparar profissionalmente para estabelecer relações genuínas? Acredito que o caminho seja fazer cursos que proporcionem autoconhecimento, fazer leituras de temas variados – atuais e antigos, conversar com pessoas, observar e escrever sobre como aprendemos melhor, refletir sobre diferentes formas de abordar o mesmo assunto, pedir ajuda a outras pessoas, ler sobre sua área de especialização, experimentar novas ideias com a ajuda de outros profissionais, fazer perguntas sobre as próprias práticas…
Tenho certeza de que cada um que ler esse post conseguirá incluir ainda mais ideias e colaborar com a rede que, enquanto escrevo, tento criar com meus leitores.
Quando uma rede funciona, é porque seus colaboradores entendem, de verdade, a importância de compartilhar. Compartilhar experiências, criações, e, até mesmo, angústias. O que torna todos da rede muito mais saudáveis, especialmente se há respeito, se há uma escuta e uma relação genuína.
Quando me descobri educadora, compreendi que havia seguido esse caminho porque gosto de aprender e acredito que a aprendizagem se dá através dessa relação genuína da qual comentei. Essa vontade de estar junto e aprender com o outro e a partir do outro, a partir da sociabilização.
Para aprender e ser uma melhor profissional, entendo que é importante estar aberta ao conhecimento. Esse conhecimento é construído pela relação do indivíduo com o ambiente em que vive. Em um ambiente social, como em uma rede, as oportunidades de troca e aprendizagem se multiplicam e nos permitem aprendizados muito mais fundamentados e percebemos que nosso trabalho não é solitário. É solidário e é social. É poder entregar algo melhor e saber receber o conhecimento externo para que um novo conhecimento se construa.
Aqui fica, então, meu convite para fazer parte dessa rede. Vamos trocar e construir conhecimentos?